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Análise: Avatar – O Caminho da Água

Foto do escritor: Bruno PhilippeBruno Philippe

Atualizado: 19 de out. de 2024

Análise: Avatar – O Caminho da Água

 

Considerações – Avatar


Avatar: O Caminho das Águas (Avatar: The Way of Water no original) é a sequência do primeiro filme de 2009, recordista em bilheteria, e acompanha o desenvolvimento dos Na’vi – uma raça alienigina humanóide que habita o planeta Pandora. Uma grande expectativa pairava sobre a sequência do filme e não sem motivo! James Cameron praticamente inaugurou uma nova fase na história do cinema a partir de suas inovações de efeitos especiais e mudou as regras do jogo de bilheteria: arrecadou nada menos do que o recorde de US$ 2,97 bilhões em 2009!


O diretor – que dispensa quaisquer apresentações – James Cameron, repetiu a fórmula do primeiro filme de manter a perspectiva narrativa a partir de Jake Sully, que funciona como narrador personagem no longa – participa ao passo que narra a história. O personagem é um típico ‘herói-romântico’ dentro dos modos de Northrop Frye – alguém que se torna herói através de crenças de alto valor, muito mais do que por habilidades extraordinárias.


O filme começa in medias res, Jake se vê agora como o chefe da tribo Omaticaya – após a bem-sucedida insurgência do primeiro filme – e juntamente com sua esposa Neytiri, chefia uma família. O personagem continua a liderar a insurgência contra focos de inimigos remanescentes no planeta Pandora, ao passo que tenta educar seus filhos como guerreiros. Ele  encontra um desafio que muda seus planos – o retorno do vingativo Coronel Miles Quaritch, que retorna em um corpo Na’vi. Particularmente o motivo da trama parece um tanto preguiçoso frente ao poderio imaginativo do diretor e do desenvolvimento em alto nível do restante do filme.


Jake e Neytiri tomam a difícil decisão de deixar a liderança dos Omaticaya – povo do ar – por entenderem de que sua presença na tribo atraíram a atenção de Quaritch, e na tentativa de proteger tanto a família como a aldeia, mudam-se para o remoto reino dos Metkaynas – o povo do recife, onde a aventura de fato se inicia. 


Cameron teve a proficiência necessária para trabalhar o desenvolvimento de cada um dos muitos personagens sem que estes se tornassem superficiais ou complexos demais para o entendimento – uma proposta mais ousada do que o filme antecessor – e o diretor fez o dever de casa com louvor. São 3 horas e 12 minutos de longa-metragem abordando pelo menos 12 personagens centrais, sem perder o ritmo narrativo bem cadenciado. O enredo traz diversos temas profundos como a família, guerra, tradições, e isto somado ao fato de utilizar Jake Sully como um narrador personagem, traz o tom emocional necessário que poderia ser roubado pelas cenas de ação histriônicas, bem executadas e recheadas de bons efeitos – do contrário o filme estaria mais próximo um entretenimento aventureiro.



Avatar - O Caminho das Águas
Divulgação: Imagem. 20th Century Studios.

Produção


O diretor fez uma aposta interessante, segundo o próprio James Cameron, manter o foco de sua direção quase exclusivamente nos atores foi o seu objetivo. Isso pode parecer um tanto contraditório para uma franquia que é conhecida pelo CGI, mas Avatar – O Caminho das Águas está longe de ser sobre computação gráfica. Um dos pontos altos com que Cameron iniciou uma nova fase cinematográfica a partir do filme de 2009 foi a qualidade de sua captura de movimentos e expressões dos atores, e para a sequência do filme, a produção alçou voos ainda maiores.


Como exatamente o segundo filme inovou na captura de movimentos? Captando-os debaixo d’água! Uma das exigências de Cameron foi de que os movimentos deveriam ser captados de forma subaquática em detrimento da convencional simulação por cordas – ‘dry for wet’. Não é preciso dizer que a tecnologia utilizada no primeiro filme com ambientação predominantemente vegetativa não foi pensada para mergulhar, contudo anos de pesquisa e produção por parte da direção deram conta do recado. O alto nível das expressões dos atores – um óbvio produto dos esforços e foco de Cameron – ressaltaram ainda mais o tom emocional do filme, com destaque novamente a Zoe Saldana, que desde o primeiro filme transmite o tom selvático e cativante da personagem Neytiri.


As gravações debaixo d’água aconteceram com a câmera Sony VENICE que o genial Cameron utilizou aos montes, ao invés de apenas uma por tomada, locomovendo apenas os blocos ópticos das câmeras – fator que diminuiu o peso dos equipamentos e conferiu livre movimento para as gravações.



Avatar - O Caminho das Águas
Divulgação: Imagem.

A Fotográfia


A fotografia do filme seguiu a bula e a identidade do longa predecessor. Apostando em enquadramentos em planos abertos e fechados com grande captura de detalhes, Cameron usa as cores para reforçar sensações e traz os tons de cores vibrantes predominantemente azul que ocasionalmente são mesclados a tons alaranjados em batalhas ou como recurso emocional em cenas dramáticas.


Os tons azuis perdem opacidade em certos diálogos e cenas tristes ou reflexivas, e vibram em cenas empolgantes acompanhadas de uma trilha sonora assinada por Simon Franglen (Sete Homens e um Destino).




Avatar - O Caminho da Água
Tons vibrantes.


Avatar - O Caminho da Água
Tons acinzentados.


O resultado final de Avatar – O Caminho da Água não apenas acompanha o sucesso do primeiro filme, mas o excede em qualidade narrativa e avanços tecnológicos, fazendo jus aos três longos anos de gravações com um custo de produção estimado em US$ 400 milhões.

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