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Dionísio – Conhecendo o deus do vinho

Foto do escritor: Bruno PhilippeBruno Philippe
Dionísio – Conhecendo o deus do vinho

 

Dionísio, o deus ambíguo


Otto Maria Carpeaux, em sua análise da literatura greco-romana, argumenta que o cânone das divindades da mitologia grega representa as condições humanas.


Dionísio, o deus grego do vinho, nessa perspectiva, representa a errância e a ambiguidade.

É Nietzsche quem relaciona Dionísio aos aspectos mais bestiais do ser humano e à “aniquilação das usuais barreiras e limites da existência”.


Como uma força divina, porém ambígua, Dionísio dá a impressão de trocar o que é elevado pelo inferior. Seu estilo de vida “bacante” parece torná-lo inferior em termos de poder – está sempre envolvido com outras forças, como Hera, piratas e reis – mas ao mesmo tempo, ele vence suas batalhas através da persuasão e do apelo ao que há de pior nos seres humanos – a convicção da vida bacanal e a indulgência na bebida e na glutonaria.


A história do deus


O “alegre Dionísio” – nas palavras de Hesíodo – nasceu de um “sacrilégio”. Ele é filho da princesa Sêmele, uma mortal, com Zeus. Sêmele, já grávida do deus do vinho, impelida por Hera, pediu para contemplar Zeus em sua forma divina, e ele, tendo jurado pelo rio Estige que nunca negaria um pedido da moça, o fez.


A moça foi consumida juntamente com o palácio pelas chamas decorrentes do poder do deus, que, por sua vez, tratou de retirar o menino do útero da princesa e o colocou em sua própria coxa até o fim do tempo de gestação.


Quando o menino nasceu da coxa de Zeus, foi entregue à sua tia, Ino, e ao marido dela pelo mensageiro divino Hermes. No entanto, o casal foi posteriormente morto pela ira de Hera, esposa de Zeus.


Dionísio foi então entregue às ninfas de Nisa, onde cresceu e foi educado. Por sua narrativa estar sempre ligada à ninfas e sátiros, por vezes, ele foi representado na arte com chifres de bode.


Apesar de ser considerado um dos deuses olímpicos, Dionísio é único entre eles por ser filho de uma mortal. Ao contrário dos outros deuses que habitam o Monte Olimpo, o deus do vinho está sempre perambulando pelas terras, acompanhado por seu séquito de mulheres enlouquecidas conhecidas como Mênades ou Bacantes, conforme mencionado por Eurípides. Essas mulheres estão sempre envolvidas em atividades rituais alternando entre pacifismo e violência, como no caso em que atacaram o rei Penteu.


Casou-se com a princesa Ariadne na ilha de Naxos, onde havia sido abandonada pelo semi-deus, Teseu.


O Triunfo de Baco do pintor sevilhano Diego Velázquez .
O Triunfo de Baco do pintor sevilhano Diego Velázquez .

Aventuras de Dionísio


Entre suas jornadas e desventuras, Dionísio esteve na Trácia, onde desafiou Licurgo, o rei da região, que tentou proibir sua presença e negar sua divindade. No entanto, Dionísio puniu Licurgo com a insanidade, levando o rei a assassinar sua própria família.


Outra aventura conhecida de Dionísio ocorreu em Tebas, onde ele enfrentou Penteu, o rei da cidade, que se opunha às celebrações dos rituais dionisíacos. Dionísio enlouqueceu Penteu e o fez se disfarçar como uma mulher, levando-o a ser despedaçado pelas próprias seguidoras do deus, as Bacantes, incluindo sua própria mãe, Ágave.


Dionísio também teve encontros com piratas no Mar Egeu. Esses piratas, inconscientes de sua divindade, capturaram o deus, mas logo se arrependeram. Dionísio transformou o mastro do navio em uma videira e encheu o convés de vinho, assustando os piratas e revelando sua verdadeira identidade.


O deus ainda enfrentou a nação indiana em uma expedição militar, como descrito em detalhes pelo historiador grego Ctesias em sua obra “Indica”. Dionísio liderou seu exército contra os indianos, mostrando sua força e habilidade como um deus guerreiro.


Fontes das narrativas dionisíacas


Essas histórias são transmitidas principalmente por meio de obras literárias antigas, incluindo as tragédias gregas escritas por Eurípides, como “As Bacantes”. Além disso, escritores e historiadores antigos, como Heródoto, Diodoro Sículo e Plutarco, também mencionaram as aventuras de Dionísio em suas obras.


Dioniso (sentado em um trono) com Hélio, Afrodite e outros deuses. Afresco antigo de Pompéia.
Dioniso (sentado em um trono) com Hélio, Afrodite e outros deuses. Afresco antigo de Pompéia.

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