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O Destino em Édipo

Foto do escritor: Davi SilvaDavi Silva
O Destino em Édipo
 

Introdução

Édipo é um dos personagens mais marcantes do teatro grego, vários dramaturgos da época utilizaram sua vida para apresentar temas relevantes e complexos, como aquele que pretendemos tratar nesse texto, o destino em Édipo.

Inicialmente é importante contextualizar o personagem e suas principais referências, após isso, apresentaremos a sua ancestralidade e suas raízes, tema fundamental para compreender o seu destino. Posteriormente, entraremos efetivamente no tema do destino nas peças, principalmente observando o personagem Édipo, mesmo considerando que todos ao seu entorno também são vítimas do destino. Por fim, arrematamos propondo alguns questionamentos sobre o tema e suas possíveis aplicações.


A personagem Édipo

O nosso personagem principal é um nome relevante na dramaturgia grega, por conta desse fato, Sófocles, um dos principais dramaturgos gregos, juntamente com Eurípedes e Ésquilo, escreveu uma trilogia que abrangeu grande parte da vida de Édipo, desde o seu nascimento até o fim da sua linhagem, com a morte de seus filhos. As peças em questão são “Édipo Rei”, que conta a história do nascimento de Édipo em Tebas, o abandono de seus pais, Laio e Jocasta, sua criação em Corinto, seu retorno a Tebas até a conclusão da profecia que o perseguia, com ele matando seu pai e deitando-se com sua mãe. 


A segunda peça é “Édipo em Colono”, onde o agora já idoso e cego Édipo, enxerga seu destino inevitável e se muda para Colono, um subúrbio de Atenas, onde governa outro personagem importantíssimo, Teseu, que lhe dá abrigo e proteção, ato que terá a recompensa dos deuses, que a esse ponto já se mostram favoráveis a ele. Édipo é acompanhado até sua morte por Teseu, mas não sem antes observar seus filhos se digladiando pelo trono de Tebas. 


Finalmente, a última peça, “Antígona” conta não mais a história de Édipo mas da sua descendência. Após a morte de seus irmãos, Etéocles e Polinices, Antígona se propõe a enterrar Polinices, seu irmão, em oposição ao decreto de Creonte, seu tio e Rei de Tebas. Por fim, isso causa a morte também de Antigona, de sua tia Eurídice, esposa de Creonte, e de seu noivo, Hémon, filho de Creonte.


As raízes da maldição de Édipo

Diante desse resumo geral sobre o caminho apresentado por Sófocles em sua trilogia, iremos adentrar um pouco mais na personagem Édipo e em sua origem. Por parte de pai ele era neto de Lábidaco, rei de Tebas e filho de Laio, também rei de Tebas. Conta a história que Laio, quando jovem, se envolveu sexualmente com jovem Crisipo, filho de Pélops, diante desse ato, ele foi amaldiçoado. A maldição se iniciou muito depois, quando ao ver sua esposa, Jocasta, grávida, foi consultar o Oráculo para saber sobre o destino do menino. Esse lhe impôs uma profecia, que seu filho lhe mataria e se deitaria com sua esposa. Com medo de tal profecia, o casal entrega a criança para ser morta, por abandono. No entanto, o servo responsável se compadece da criança e o entrega a pastores que o levam a Corinto, onde ele é adotado pelo rei, Pólibo, e se torna príncipe. Do lado materno, Édipo é neto da deusa Harmonia, filha dos deuses Ares e Afrodite, e filho de Jocasta, portanto, possui em sua linhagem ascendência divina, algo muito recorrente no teatro grego.


O assunto do destino em Édipo

Apresentado todo o contexto das obras e da ancestralidade de Édipo, entraremos agora no assunto proposto, o destino em Édipo. A tentativa de fuga do destino, no caso, da profecia que o acompanhava, começa com seus pais, que ao ouvir o oráculo tentam matar a criança, para que a profecia não se cumprisse, no entanto, esse já é o primeiro passo para que ela se concretize, pois ao abandoná-lo, imaginado sua morte, não mais se preocupam, mas o destino utiliza disso para tecer a sua história. 


Após isso, já em Corinto, Édipo é confrontado por alguns jovens sobre ser um filho adotado, ele que não sabia que não era filho do rei, vai consultar o oráculo. Este confirma a profecia dizendo que ele seria o responsável pela morte de seu pai e que deitaria com sua mãe. Diante disso, Édipo não aceitando seu destino decide não voltar para Corinto, para não incorrer no erro, mesmo que acidental, de cumprir a profecia. 


No entanto, novamente o destino o está conduzindo, na sua fuga errante, se depara com uma comitiva em um caminho estreito, como príncipe e sendo alguém com temperamento forte, discute e mata a todos, menos um, da comitiva por não o deixarem passar primeiro. Após isso, segue seu caminho. No entanto, essa comitiva levava o rei de Tebas, Laio, que estava indo ao oráculo saber o que fazer com a Esfinge que aterrorizava sua cidade. Novamente, mesmo sem saber, Édipo começa a cumprir a profecia. 


Quando chega em Tebas, sua cidade natal, se depara com o enigma da Esfinge e com a promessa de que se conseguisse vencê-la, poderia se tornar rei e se casar com Jocasta, a rainha, e sua mãe. Ele resolve o enigma e se torna rei de Tebas, se casa com Jocasta, sua mãe. E assim cumpre a profecia sem saber. 


Após isso, depois de longos anos de paz, uma praga passa a assolar Tebas, exatamente onde inicia a peça Édipo Rei. Nesse ponto, o destino irá cobrar os crimes cometidos por Édipo de Patricídio e Incesto. Parece minimamente injusta a cobrança do destino, já que Édipo fez o que estava ao seu alcance para que a profecia não se cumprisse, mas o destino de mostrou implacável. 


Depois de uma investigação rápida, mas nem por isso simples, Édipo e Jocasta concluem o que aconteceu, primeiramente sua mãe/esposa se enforca, diante da sua sorte. Édipo, se cega, uma comum referência da dramaturgia grega de alguém que só passa a enxergar a verdade depois de se tornar cego. Nesse momento ele, cumprindo a sentença por ele mesmo exigida, se exila. 


Partindo desse exílio se inicia a peça Édipo em Colono, que mostra um outro Édipo, mais consciente, e sábio, que entende e aceita seu destino. Por conta disso, os deus passam a olhar para ele com outros olhos dizendo que o lugar onde Édipo morresse seria abençoado. Teseu o acompanha em seus últimos momentos, onde conformado com seu destino, adentra no lugar sagrado e a peça sugere que foi conduzido pelos deus, que abençoaram a terra que o acolheu, Atenas.


Reflexões sobre o destino

Sem dúvidas, são umas das mais emocionantes, complexas e belas da história já produzidas. Édipo nos faz refletir sobre diversos temas como; honra, temperamento, justiça, mas principalmente, sobre o livre-arbítrio e o destino. Esses dois, intimamente conectados. Durante toda a vida, Édipo tenta fugir de seu destino, no entanto, cada passo que ele dá é em direção a ele. 


Concomitante a isso, parece que Édipo não tem escolha, tudo que ele fizesse o conduziria inevitavelmente ao seu destino, portanto, não teria culpa sobre si e consequentemente sua punição seria injusta. No entanto, o que a peça demonstra é que ele sempre teve escolha, por exemplo, sua impaciência e temperamento o impulsionaram a matar alguém na estrada, que por coincidência era seu pai. Sua intrepidez o fez impor grande pena ao assassino do rei, o conduzindo a questionar o vidente Tirésias e o seu tio Creonte. Sempre as atitudes impensadas dele o conduziam para mais próximo de seu destino. 


Apenas quando ele aceita seu destino e sua punição, ele passa a enxergar corretamente, por ironia, apenas quando se cega que passa a ver a realizada.


Conheças as obras:



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