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Oppenheimer – Tudo sobre o filme da “Bomba Atômica”

  • Foto do escritor: Bruno Philippe
    Bruno Philippe
  • 19 de set. de 2024
  • 5 min de leitura
Oppenheimer - Tudo sobre o filme_da "Bomba Atômica"

 

Oppenheimer e mais um acerto de Nolan


Um dos maiores sucessos deste ano é o filme “Oppenheimer”, que chegou aos cinemas conquistando cifras impressionantes, mesmo competindo com o estrondoso lançamento de “Barbie” com uma publicidade astronômica.


O drama conta com a assinatura do renomado Christopher Nolan, conhecido por seus blockbusters de sucesso como a trilogia “O Cavaleiro das Trevas” e “A Origem”.

O entusiasmo por parte de Nolan e do elenco era palpável durante toda a campanha de lançamento do longa-metragem. Em uma entrevista, Robert Downey Jr., que interpreta Lewis Strauss, chegou a afirmar que este é o melhor filme em que já participou.

Em uma entrevista à revista Super, o diretor Nolan expressou novamente seu desejo de adaptar o drama da vida de J. Robert Oppenheimer, conhecido como o “pai da bomba atômica”:

“Ao ler American Prometheus, percebi que essa é a história mais dramática que já encontrei, com muitas reviravoltas, suspense e estranhas coincidências. Eu sempre me atraí por protagonistas com camadas, ambíguos e humanos. A história de Oppenheimer é definida por falhas e ambiguidades. “

O livro ao qual Nolan se refere é a obra “American Prometheus: The Triumph and Tragedy of J. Robert Oppenheimer” (O Triunfo e a Tragédia do Prometeu Americano), escrito por Kai Bird e Martin J. Sherwin, que narra a biografia do físico.


[Aviso:SPOILERSa partir daqui]


Einstein e Oppenheimer em 1950
Einstein e Oppenheimer em 1950

Crítica: Oppenheimer

Não há palavras melhores para descrever o filme do que “triunfal e trágico”. Nolan conseguiu destacar de forma brilhante que, quando se trata do tema da guerra, todo triunfo é construído sobre sofrimento, e isso não se aplica apenas aos eventos relacionados à Segunda Guerra Mundial, mas principalmente à vida de Oppenheimer e os “demônios éticos” que o atormentam ao longo do filme.


Esse misto de alegria e sofrimento, entusiasmo e medo, é retratado magistralmente pela expressão, ora sombria, ora esperançosa, de Cillian Murphy (Peaky Blinders), que entrega uma atuação brilhante.


Logo no início do filme, que começa em um ritmo frenético, é retratado um jovem Oppenheimer em seus primeiros anos como acadêmico. Seu brilhantismo é evidente, mas sua mente é perturbada pelos fantasmas de alguém que consegue enxergar um mundo que a maioria não pode sequer imaginar – o novo universo da mecânica quântica.


Nolan retrata esse “sofrimento psicológico” de Oppenheimer com cenas oscilantes que emulam o processo de fissão nuclear – um tema importante no filme.


A todo momento, vemos esse jovem físico sendo impelido a lidar com questões morais não apenas em sua carreira acadêmica, como na cena da “maçã envenenada” – cena que, aliás, é desaprovada pelo neto de Oppenheimer, Charles -, mas também em seus relacionamentos e na necessidade de enxergar além da ciência, compreendendo a política.

Outro recurso genial que Nolan utilizou foi mesclar cenas em preto e branco e coloridas.


Sobre esse fato, o diretor comentou à Associated Press News:

“Um é colorido, e essa é a experiência subjetiva de ‘Oppenheimer’. Essa é a maior parte do filme. Em seguida, o outro é uma linha do tempo em preto e branco. É uma visão mais objetiva de sua história do ponto de vista de um personagem diferente.”

De fato, Nolan abre várias “janelas” que inicialmente não são explicadas, mas que se conectam e são esclarecidas ao longo do filme.


Dilemas Políticos de Oppenheimer

No contexto dos entraves políticos, tema que permeia as quase três horas de filme, vemos as justificativas para as maiores polêmicas na vida de Oppenheimer e que, posteriormente, foram o “insumo” para sua queda: suas conexões com o partido comunista.


Nolan retrata Oppenheimer como um gênio guiado pelo ceticismo, que vislumbra a revolução da nova física. E por que não uma revolução na forma de fazer política? Ele faz parte de uma geração de cientistas que acreditam que mesmo Einstein já não consegue compreender a transformação que suas ideias implicam na forma de fazer ciência.


É esse ceticismo que leva o físico a flertar não somente com o comunismo, mas também com a abertura para novas possibilidades. Suas conexões com o partido, segundo o filme, são mais justificadas por amizades que Oppenheimer nutriu do que por uma convicção política.


Christopher Nolan conseguiu criar um cenário complexo em que o filme parece uma contagem regressiva para algo que irá “explodir” a qualquer momento. O diretor vai criando “pequenas dinamites” na vida de Oppenheimer que aos poucos vão rompendo a tela:

  • Suas ligações comunistas;

  • Seu relacionamento tumultuado e extraconjugal com Jean Tatlock e também suas questões familiares com sua esposa Kitty e filhos;

  • Seu repúdio aos avanços nazistas e a corrida pela fabricação da bomba;

  • O alvorecer do Projeto Manhattan.


O diretor ainda conseguiu unir tramas separadas que se fundem à história da bomba; Oppenheimer fica como um personagem numa encruzilhada atravessada pelo ressentimento do almirante Lewis Strauss, a fabricação da bomba e seus dilemas morais, como a Bomba de Hidrogênio, a famigerada “Super.


Utilização de CGI

Todo esse cenário caótico dentro e fora da mente de Oppenheimer poderia justificar o uso massivo de CGI, mas a genialidade de Nolan levou o filme a uma direção contrária: o filme simplesmente não utilizou CGI.


Em vez de efeitos especiais, a produção apostou no bom e velho “truque de câmera” para reproduzir o efeito do teste da bomba atômica em Los Alamos: uma explosão real com modificações para simular o efeito de “cogumelo” característico da explosão atômica.


Nolan retrata o caos do filme com cenas abruptas de fissão nuclear que emergem na tela de forma inesperada. Aliás, tudo é inesperado: quando se espera um grande “boom” no teste Trinity, o cinema é invadido por um silêncio ensurdecedor; quando se espera o silêncio, o filme é invadido por ruídos; ora cadenciado como uma contagem regressiva, ora inesperado como um susto.


Condecoração de grau honorário em Harvard a Oppenheimer (esquerda)em 1947
Condecoração de grau honorário em Harvard a Oppenheimer (esquerda) em 1947

Clímax: A explosão de Oppenheimer

O clímax do filme, obviamente, fica por conta do teste Trinity e da criação das bombas nucleares “Fat Man e Little Boy”.


O silêncio sepulcral enquanto vemos o êxito do teste é rompido pelas palavras do Bhagavad Gita, que J. Robert Oppenheimer relatou que vieram à sua mente enquanto assistia a explosão:

“Eu me tornei a morte. A destruidora de mundos.”

Aqui somos levados de forma magistral ao grande dilema do filme: “comemorar ou não?”

Essa é a sensação que o “pai da bomba atômica” passa ao se defrontar com o êxito do Projeto Manhattan, mas isso às custas de conferir o noticiário que informava que as cidades de Hiroshima e Nagasaki estavam destruídas.


Aos poucos, o verdadeiro “vilão” – se assim podemos dizer – emerge. Um vingativo Strauss e a arbitrariedade da AEC colocam Oppenheimer na mira das consequências de suas ligações passadas e dos dilemas que acompanham o fato de ele ter evidentemente mudado o curso da história.


Personagens

Uma infinidade de personagens são trabalhados por Nolan em proporções épicas. Como num jogo de sombras, enquanto Oppenheimer cresce como personagem, o diretor conseguiu passar um desenvolvimento do personagem de Downey Jr. – Lewis Strauss – de um “mero” vendedor de sapatos, tal como ele se apresenta, a um sujeito tão perspicaz que faz frente à genialidade de Oppie.


Ainda há espaço para, digamos, “aparições especiais”, que para além de mero “fan service”, contribuem enormemente para narrativa, como o Dr. Albert Einstein – interpretado por Tom Conti – e Werner Heisenberg – interpretado por Matthias Schweighöfer.


Matt Damon passa o tom de austeridade e soberba de Leslie Grove, que convoca Oppenheimer para ser o diretor do Projeto Manhattan.


No elenco ainda temos Benny Safdie como Edward Teller, o pai da Bomba de Hidrogênio, Emily Blunt como Katherine “Kitty” Oppenheimer, Robert Downey Jr. como Lewis Strauss, Florence Pugh como Jean Tatlock, Rami Maleke como David L. Hill e Josh Hartnett como Ernest Lawrence.


Assista ao trailer do filme:



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