![A Catarse na filosofia aristotélica](https://static.wixstatic.com/media/6aab26_5e47b250600942cd8dca33e81183944d~mv2.webp/v1/fill/w_980,h_551,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/6aab26_5e47b250600942cd8dca33e81183944d~mv2.webp)
Por Que a Morte de Personagens Fictícios Nos Afeta?
Seu personagem favorito morreu. Por que isso mexeu tanto com você se é apenas ficção?
Talvez você tenha experimentado um sentimento de luto real que durou um minuto, horas ou dias!
Para além das boas explicações que a neurociência fornece, a filosofia aristotélica chama esse fenômeno de CATARSE.
Experimentamos uma verdadeira tragédia – uma vez que estamos de fato conectados emocionalmente com a série – e sabemos que o desfecho que gostaríamos não aconteceu.
E ISSO É BOM!
O Que é Catarse Segundo Aristóteles?
[Atenção: Spoilers da série The Last Kingdom abaixo]
A catarse – purificação dos sentimentos – nos faz refletir diante da perda de um personagem, providenciando um cenário controlado para refletirmos sobre temas como a morte, coragem, lealdade e outros que não estão tão distantes da literatura e do cinema.
Talvez não haja exemplo maior na literatura do que “A Morte de Ivan Ilitch”. Sabemos o destino do personagem desde o prólogo, mas a construção que Tolstói faz em seu enredo nos faz experimentar quase que em nosso próprio corpo a debilidade e a reflexão que o ser humano faz diante de sua mortalidade.
Experimentei algo assim na série “The Last Kingdom” . Embora, humildemente, discorde de diversas premissas existencialistas que a série trouxe do autor Bernard Cornwell, excelente autor e ateu convicto – casado há mais de 40 anos com uma cristã devota, a série trouxe com grande beleza o tema do destino, lealdade e do sacrifício.
Ao ver o personagem Uhtred, após tanto sacrifício pela unificação da Inglaterra, perder mais uma vez a chance de amar, nos deixa com um “gosto amargo” e até mesmo aborrecidos. Contudo, seus sacrifícios o fizeram entender que todos os que passaram em sua vida e o deixaram faziam parte do legado que ele mesmo estaria deixando para as futuras gerações, conferindo um futuro melhor aos outros. A série não é sobre dor, mas sobre altruísmo – embora sacrifícios sejam necessários para que os outros possam ser beneficiados.
![Personagem Uhtred interpretado pelo ator Alexander Dreymond na série The Last Kingdom](https://static.wixstatic.com/media/6aab26_b60c2bda89a848039cd773163ad45f5f~mv2.webp/v1/fill/w_980,h_551,al_c,q_85,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/6aab26_b60c2bda89a848039cd773163ad45f5f~mv2.webp)
Narrativas e Virtude: Aprendendo com Deus
Essa natureza de lição, revestida pelos sentimentos que estão envolvidos numa boa história, tendo o próprio Deus nos feito afeitos a nos encantar com narrativas, providencia a chance de lidarmos com o sentimento e aprendermos uma conduta mais virtuosa do que antes.
Claro que, se numa breve história fictícia podemos captar algo dessa natureza, muito mais podemos aprender através das Verdades contidas nas Escrituras.
Aristóteles dizia que, através da Tragédia Grega, uma vez que esse tipo de obra nos incutia uma sensação de medo ou compaixão, nossas emoções eram purificadas e alinhadas à Virtude: a catarse.
Como consolo, numa série ou na literatura, podemos retornar mais uma vez, e mais outra, e outra, e revisitar nossos personagens favoritos, aprendendo ainda novas lições através de uma ótica mais “calejada” e treinada pela catarse.
Logicamente, desde que os personagens sejam virtuosos.
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