“O infortúnio pode ser adquirido facilmente, tanto quanto o quiseres, pois reside bem próximo de nós e o caminho para ele é plano.
Mas diante da Virtude, em troca, os deus imortais colocam o suor. É longa e íngreme a trilha que a ela conduz. E árduo o seu começo.
Porém quando se chega ao cume, o caminhar torna-se fácil por mais difícil que antes houvesse sido.
O homem virtuoso é aquele que pensa por si mesmo, refletindo sobre o que será mais adiante e no final.
Também é bom o homem que atende aos conselhos dos sábios, porém quem não pensa por si mesmo nem retém em si os bons conselhos, esse é um homem inútil.”
Hesíodo, os sábios e o inútil
O trecho da obra “Os Trabalhos e os Dias” de Hesíodo, o aedo da Grécia Antiga – comentada por notáveis como Aristóteles na “Ética a Nicômaco” e, séculos depois, por Basílio de Cesarea na obra “Sobre a Utilidade da Literatura Pagã” – lança luz sobre três perfis de existência humana e vocação, reforçando cada um pelo seu mérito e também pelo seu desmérito.
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1º Mérito do Sábio: Pensar por si mesmo
Essa é a qualidade suprema do sábio. São pessoas que desde cedo se dedicam às Questões Últimas da filosofia, investigando-as com maestria e refletindo ao longo da vida a partir de suas próprias intuições, desenvolvendo assim uma consciência de sua mortalidade. Tais indivíduos são raros e de grande valor.
2º Mérito do Sábio: Ouvir a sabedoria
Hesíodo destaca o grande valor daqueles que, mesmo não sendo dessa elite de sábios que investigam tudo a partir de si mesmos, ouvem os conselhos da sabedoria e buscam corrigir sua conduta em direção à Virtude seguindo esse caminho.
Desmérito do Inútil
Para Hesíodo, perde valor quem não pensa por si mesmo nem tampouco ouve os conselhos dos sábios. Ele se refere ao indivíduo que vive apenas na superfície da vida, sem se preocupar em aprofundar reflexões que o conduzam ao aprimoramento.
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