Teogonia - O Poema de Hesíodo

Teogonia – O Poema de Hesíodo

O que é a Teogonia?

Quando falamos de literatura ocidental, destacam-se duas obras monumentais: a “Ilíada” de Homero e a “Teogonia” de Hesíodo. Ambas essas obras são como “fundamentos” por apresentarem ao mundo o vasto universo imaginativo da Mitologia Grega.

Podemos considerar a “Teogonia” como uma introdução abrangente ao vasto universo das eras míticas e como o cenário em que se desenrolam as narrativas gregas, especialmente nas tragédias.

Escrita pelo famoso e enigmático poeta – aedo – de Ascra, Hesíodo, a “Teogonia” poeticamente narra a genealogia dos deuses, desde as gerações dos deuses primordiais até as divindades menores e heróis.

Na “Teogonia”, Hesíodo menciona várias gerações de seres mitológicos, como:

  • Deuses primordiais como Érebo,
  • Titãs, Ciclopes e Hecatônquiros;
  • Erínias, Gigantes e Ninfas;
  • As Nereidas;
  • Monstros como Tifão;
  • Os deuses olímpicos;
  • Os heróis gregos.

O que encontramos na “Teogonia”?

Hesíodo, assumindo o papel de narrador-personagem, inicia sua obra como todo poeta grego desse período, no século VII a.C., referindo-se às Musas, divindades ligadas à verdade e à inspiração (daí a palavra “música”). Segundo ele, foram as Musas que lhe revelaram a “Teogonia” aos pés do Monte Helicon.

Naquela época, era comum que os poetas recebessem esses cantos como “revelações” das Musas, conferindo a seus versos um aspecto religioso, tornando-os quase oráculos ou videntes de suas comunidades.

“Um dia, enquanto pastoreava suas ovelhas ao sopé do divino Helicônio, foram elas que lhe ensinaram uma bela melodia.”

Ao longo do poema, Hesíodo apresenta a cosmogonia mitológica, a origem do universo. A cosmogonia grega é profundamente filosófica e abrange diversos símbolos.

Antes do surgimento dos deuses, havia o Caos primordial. Logo depois, surge Gaia, personificação da terra; Tártaro, personificação do abismo mais profundo, onde os Titãs seriam aprisionados; e Eros, também conhecido como Eros Primordial, que personifica a força de coesão na matéria.

Do Caos também surgem Nix e Érebo, entidades ligadas à noite. Nesse estágio, o universo estava envolto em trevas. Da união de Nix e Érebo, surgem Éter e Hêmera, divindades da luz.

Gaia, a terra, se une a Urano, o céu, e juntos geram o Oceano, completando os elementos essenciais da natureza, além de uma variedade de seres:

  • Ceos, Crio, Hipérion, Jápeto (pai de Prometeu), Teia, Reia, Têmis, Mnemósine (a memória), Febe e Tétis (a Nereida);
  • Os Ciclopes Brontes, Estérope e Arges, que forjaram o Raio de Zeus, sua arma principal;
  • Os terríveis Hecatônquiros Cotos, Briaréu e Giges.

O poema continua narrando um momento crucial da mitologia: a rebelião de Cronos contra seu pai Urano e o nascimento de Afrodite, assim como a origem de outros personagens importantes, como Medusa.

Outro destaque é o nascimento de Zeus, seguido da narrativa de Prometeu e Pandora.

Hesíodo também descreve as guerras mitológicas: a Titanomaquia e a Tifonomaquia, que garantiram a Zeus o domínio absoluto do mundo mitológico.

Finalmente, é feito um catálogo dos heróis, filhos dos deuses. Importante ressaltar que, entre essas narrativas, Hesíodo introduz a origem de personagens fundamentais como Atena e Estige.

Sobre Hesíodo

Sabe-se muito pouco sobre Hesíodo além do que ele menciona sobre si mesmo. Seu pai teria vivido em Cumas, onde estava envolvido em atividades comerciais.

Hesíodo teria retornado à terra de seus antepassados na Beócia, em Ascra, possivelmente trabalhando como agricultor, o que provavelmente o inspirou grandemente em seu segundo poema importante: “Os Trabalhos e os Dias”. Nesse poema, Hesíodo detalha mais de sua vida, incluindo sua participação como poeta em eventos fúnebres, uma prática comum naquela época.

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